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Patrick Flemer
Textos

O VISITANTE ESTELAR


Ele pode ouvir estrelas a cantar melodias de inefável ternura. Do micro ao macrocosmo, pode sentir a energia dançando em interações infinitas. Espia quando as estrelas se enamoram e reverencia o poder de um imensurável amor, capaz de dar à luz galáxias inteiras, a fim de crescerem e se expandirem pelo tempo e pelo espaço.

Naquele instante, seus grandes e brilhantes olhos negros contemplavam a  imagem do pequeno planeta azul, enquanto seu delicado corpo era tomado por intensas e incontíveis ondas de êxtase. Mesmo já tendo visto inumeráveis esferas em suas múltiplas excursões, jamais se tornara indiferente à divina poesia. Pois quanto mais via e conhecia, maiores se tornavam sua admiração e seu respeito pela criação universal. E sua alma vibrou em reverência, pois em tudo reconhecia o trabalho do Divino Arquiteto.

Seu corpo, formado por luz, pode viajar de uma estrela à outra num simples impulso da vontade. Respira fluido cósmico e se alimenta apenas do amor.

Em um piscar de estrela lançou-se à Terra, rasgando o céu do planeta de um canto ao outro. Pairou sobre os mares, sobre os campos e sobre as cidades.

Numa noite clara, brilhou no céu como uma estrela rara. Quis descer, mas não pôde. Uma estrela amiga lhe advertiu:

- O homem da Terra ainda é rude! Nenhuma nação lhe seria gentil.

Da Terra, quase ninguém o viu. Alguns disseram ter visto um cometa. Outros, que uma estrela caiu.

Imagem: Telescópio Hubble - Galáxias distantes
Patrick
Enviado por Patrick em 23/01/2007
Alterado em 06/06/2020